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Aluno e professor do Curso de Sociologia e Política da FACE-UFMG meados dos anos de 1960, fui transferido em 1968 para o Departamento de Ciências Sociais da FAFICH e em 1974, para a FAE passando a vivenciar uma prática docente diversificada em um período de grandes turbulências. Em diferentes partes do mundo, movimentos sociais eram empreendidos pelas classes trabalhadoras e, em nosso país, acrescidos pela Ditadura Militar. Tais movimentos, além de ocorrerem nos locais de trabalho, se estenderam ainda, aos diferentes grupos sociais sob a forma de associações de moradores, de bairros, etc. ou de comunidades, como, por exemplo, as Comunidades Eclesiais de Base.  

A procura por autonomia era a característica básica desses movimentos das classes trabalhadoras. Assim, mostravam, em suas práticas de lutas, quase sempre alheias e antagônicas às instituições tradicionais daqueles que se diziam seus representantes, especialmente sindicatos e partidos, que eram sujeitos das suas próprias ações. Nesse contexto, as classes trabalhadoras passaram a exigir maior participação de todos, assumindo suas próprias posições, redefinindo instituições e criando outras, conforme os interesses da classe. Assim saíram do subterrâneo e passaram a ser visíveis. E, como sói acontecer, tais movimentos refletem e impactam as diferentes instituições sociais. 

Nesse contexto, vivi, com os alunos do Curso de Ciências Sociais, a criação de um “Curso Paralelo”, dirigido e controlado por eles próprios. E, na Pós-Graduação da FAE, pela sua própria natureza sempre atenta ao pensamento social da época e às demandas sócio-históricas, assistimos a outro fenômeno. Com o ingresso de alunos que vivenciaram aqueles movimentos sociais e, consequentemente, com grandes experiências políticas e outras práticas pedagógicas, todos nós, alunos, professores e funcionários procuramos realizar uma análise crítica dos métodos, dos meios e dos fins de nosso Curso. Coletivamente, passamos a vivenciar novas formas de organização do processo de trabalho docente e de novas práticas pedagógicas.

Foi a época de “esclarecer-me as ideias.” Ao participar dessa experiência educativa, ao aprender fazendo, refiz minha prática político-pedagógica e mudei meu marco teórico. Agradeço à FAE as experiências enriquecedoras ali vividas.

Oder José dos Santos 

Coordenador do PPGE 

(1977-1979/1985-1987)

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