Cheguei à Fae-UFMG em 2003, com doutorado em Educação nos Estados Unidos, concluído em 2002, após formação em Ciências Biológicas na USP-SP. Ingressei na Linha Educação e Ciências em 2004, na gestão do Prof. Eduardo Mortimer e da profa. Lana de Castro Siman. Para mim, foi por meio dos encontros e da convivência com novos colegas, novas ideias e novos campos no PPGE que fui me constituindo como pesquisadora em Educação. Assim, é um grande desafio destacar momentos nesse cotidiano de reuniões, colaborações, bancas, disciplinas e múltiplas trajetórias de estudantes. Um dos momentos que me marcou foi a gestão do prof. Otto Borges e da profa. Maria Alice Nogueira, quando ainda sabia muito pouco sobre pós-graduação. Nessa época, pela minha lembrança, o programa tinha nota 5 na CAPES e se iniciavam ações mais contundentes para passarmos para nota 6 para se garantir uma gestão mais independente de nossos recursos. Isso gerou intensos debates. Me considerando ainda uma “novata”, sentia que eu tinha um repertório limitado para acompanhar a discussão... Nesse sentido, foi fundamental a minha participação na Comissão de Bolsas, ao lado da vice-coordenadora Maria Alice e do Prof. Leôncio Soares, em 2007. Naquele tempo, todos os pedidos de bolsas do PPGE eram analisados conjuntamente. Para muitos colegas, provavelmente, essa era a Comissão mais trabalhosa e talvez mais desagradável. Porém, para mim, aquele foi um espaço de aprendizagem fantástico. Lembro que naquele tempo não tínhamos licença maternidade de seis meses e eu às vezes tinha de correr para amamentar minha segunda filha.... mas valia muito a pena aquela correria. As análises intermináveis e detalhadas de documentos e as considerações sobre critérios para distribuição de recursos eram acompanhadas por tantas outras conversas que possibilitaram reflexões sobre a pesquisa acadêmica em educação, meritocracia, o sistema de pós-graduação etc. Esse convívio com pesquisadores mais experientes de grande reconhecimento, evidenciou para mim que os espaços de comissões, por mais burocráticos que pareçam, são fundamentais.
Um segundo momento marcante foi quando fui vice-coordenadora, tendo a prof. Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca, a Ção, como coordenadora. Nesse período, claro, a aproximação com o PPGE e todos os colegas, discentes e funcionários foi muito intensa. Tomei consciência da dimensão desse programa, sua grandeza em termos “quantitativos”, sua riqueza, sua história, seu significado para o campo. O trabalho é intenso e cansativo, mesmo ao lado de parceiras competentes e divertidas, sempre me orientando, como a Ção e as funcionárias Rose e Deniele. No cenário nacional, nossa gestão ocorre em um momento em que se iniciam cortes de recursos para a universidade como um todo e para a pós-graduação em particular. No enfrentamento desses desafios foi possível perceber que por trás de um programa de excelência como o nosso havia um coletivo muito forte. As decisões e soluções eram construídas de forma colegiada com discussões e debates. Além disso, ficou clara não apenas a importância de ações de gestões anteriores para garantir que alguns direitos e recursos do PPGE, mas também o valor dos espaços em que coordenadores de gestões anteriores se encontravam. Finalmente, para mim foi particularmente significativo ver como, preservando sua diversidade, o programa permaneceu unido e com uma posição política clara na defesa da pesquisa acadêmica em educação.
Danusa Munford
Vice-coordenadora do PPGE
(2014-2016)