Minha atuação na FaE-UFMG teve início em 1974, quando fui contratada como Professora Visitante para atuar no Mestrado então existente. O programa passava por momentos difíceis e estava tendo sua proposta pedagógica reformulada. Participei das discussões para a implantação de duas novas áreas de concentração: Ciências Sociais Aplicadas à Educação e Ensino Superior, com manutenção dos estudos de Metodologia de Ensino. Tínhamos garantia de algumas bolsas de estudo da CAPES, mas achávamos fundamental oferecer novas bolsas para garantir a qualidade do programa, com a participação de todos os alunos em tempo integral. Além disso, precisávamos melhorar a qualidade da nossa biblioteca, com a ampliação da literatura educacional e na área das ciências sociais, garantia de financiamento de professores visitantes e de condições de trabalho para docentes e estudantes. Conseguimos um bom financiamento da Fundação Ford, que considero ter sido muito importante para o desenvolvimento do curso, nos anos que se seguiram. A mudança de paradigma do programa, com a introdução de questões sociais, de desigualdade social, de gênero e de raça, principalmente nas pesquisas desenvolvidas por professores e alunos, foi fundamental.
Algum tempo depois, tornei-me Coordenadora do programa e como tal participei da organização da II CBE em Belo Horizonte, tendo sido sua Presidente. Os educadores que estiveram presentes estavam ávidos por discutir questões políticas, principalmente os efeitos do autoritarismo nas escolas, a necessidade de universalizar o acesso à educação, a construção de uma escola democrática e as reformas educacionais em curso. O sucesso da CBE ajudou a consolidar, em nível nacional, o prestígio da PPG da FaE. Nessa ocasião, tivemos a oportunidade de receber Paulo Freire, que estava voltando do exílio. Boa parte dos quase dois mil participantes do evento queria ver e ouvir o eminente educador. Como não tínhamos grandes auditórios na UFMG, na última hora foi necessário improvisar um espaço ao ar livre para receber um número maior de participantes. O debate foi realizado em baixo das árvores da Reitoria, Apesar do nosso receio de que houvesse algum tumulto (eram tempos de ditadura), a reunião foi um sucesso.
Ainda como membro da Pós-graduação, fui indicada como representante da FaE no Conselho Universitário, atuando no Conselho de Pesquisa. Tornei-me Pró Reitora; quando procurei sistematizar as informações de que dispúnhamos sobre as investigações científicas realizadas pelos professores das diferentes Faculdades, que trabalhavam em regime de Dedicação Exclusiva com a obrigação de realizar projetos de pesquisa na instituição. Também é desse período a participação na organização da Editora UFMG, projeto bem-sucedido.
Paralelamente participei da organização do Núcleo de Pesquisas sobre a Mulher, para estimular o diálogo das professoras das diferentes escolas da UFMG que, como eu, estavam trabalhando com o tema mulher. Fui sua primeira Coordenadora.
Em 1986 fui eleita Diretora da Faculdade de Educação, tendo exercido o cargo até 1990, Nesse período, empenhei-me na criação do Doutorado em Educação. Durante minha atuação no PPG, orientei 23 teses de Mestrado e Doutorado, publiquei vários trabalhos acadêmicos e dirigi por alguns anos “Educação em Revista”, periódico da FaE.
Aposentei-me em 1993. para assumir o cargo de Secretária Municipal de Educação, com o compromisso de implantar um novo Projeto Pedagógico para as escolas da rede municipal de Belo Horizonte. Ali tivemos oportunidade de alcançar a universalização do acesso das crianças à primeira série do ensino fundamental. Além disso, promovemos a implantação do Projeto Escola Plural, que contou com a participação de todos os professores da rede.
Posteriormente a esse período, tive oportunidade de participar da elaboração e implantação do Projeto Veredas, utilizando a metodologia de educação a distância, sob o patrocínio da Secretaria de Estado da Educação, para formação em exercício de professores das redes estadual e municipais de Minas Gerais. Esse projeto concedeu diploma de curso superior a cerca de 14 mil professores em todo o Estado, contribuindo para melhoria da qualidade do ensino fundamental.
Glaura Vasques de Miranda
Professora do PPGE
(1974-1993)