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A convite do professor Oder José dos Santos (coordenador) e do professor Miguel Arroyo (vice-coordenador), Neidson Rodrigues (de saudosa memória) e eu, fomos convidados a reforçar o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMG. Isto no  1º semestre de 1978. Éramos doutorandos da primeira turma do doutorado em educação da PUCSP. O prof. Oder consultou Luiz Antônio Cunha, também doutorando, se havia doutorandos que pudessem reforçar o Programa. Chegamos em agosto de 1978. Fomos muito bem recebidos, tanto no Programa como no Departamento de Administração Escolar. Passei a dividir um gabinete com a profa. Otaíza de Oliveira Romanelli que, infelizmente, morreu em um acidente, em dezembro de 1978.  Cheios de ideias, queríamos compartilhar com os professores do Programa uma recomposição das áreas de concentração do programa e suas linhas de pesquisa, especialmente uma relativa ao ensino superior. Tínhamos, para breve, o edital da seleção dos novos mestrandos para 1979. A época fervilhava no âmbito político. Movimentos da sociedade civil contra a ditadura e se cruzavam com teorias políticas advindas de correntes liberais-democráticas e correntes marxistas. Pessoalmente, estava eu finalizando a tese de doutorado cuja base teórica era o pensamento gramsciano e a recomposição da sociedade civil. E eis que, no processo seletivo, compareceram candidatos muito diferentes do perfil até então hegemônico. Eram pessoas com experiência em movimentos sociais de jornais de bairro, de comunidades de base, de grupo de mulheres (crecheiras) e até interessados em educação indígena.

Ao lado deste perfil, estavam docentes advindos de instituições de ensino superior de Belo Horizonte e de várias regiões do Estado e de áreas como medicina e odontologia.  Aí nos pusemos um desafio: o esquema mais comum de oferta de disciplinas seria o mais adequado para atender a estes novos perfis de demandantes?  Achávamos que deveríamos partir das experiências vividas dos selecionados. Pacificado este ponto, a pergunta era: como proceder? Dada a flexibilidade da pós-graduação, achávamos que todos os docentes deveriam estar presentes, ao menos, nos primeiros contatos e saber das experiências de cada qual e qual a razão de terem buscado um mestrado. Afinal, exigia-se de cada qual um pré-projeto de pesquisa. Resolvemos, então, consensualmente, que haveria uma primeira atividade pedagógica que consistiria na audição da experiência vivida de cada qual e esta experiência seria passada pelos comentários e análises dos outros estudantes e dos docentes. Assim nasceu a Análise Crítica da Prática Pedagógica (ACPP), de boa memória.

Carlos Roberto Jamil Cury

Coordenador do PPGE

(1982-1984)

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