Participei da coordenação do Programa em dois momentos. O primeiro, como vice coordenador do Prof. Luiz Alberto; o segundo, como coordenador, tendo a profa. Ana Gomes como vice. Em ambos os momentos, penso que o fundamental na gestão foi a reorganização do Programa tendo em três movimentos: o primeiro, a mudança geracional do Programa; o segundo, a ampliação das áreas de pesquisa em educação; e, o terceiro, os resultados da avaliação da CAPES que, pela primeira vez, não nos reconhecia entre os melhores Programas do Brasil.
A mudança geracional do Programa significou, naquele momento, que a geração que reorganizou o Mestrado na passagem dos anos 70 para os anos 80 havia se aposentado e uma outra geração, mais nova, precisava assumir os rumos do Programa. Olhando a posteriori, parece que o processo deu certo, apesar de ser muito pouco organizado ou planejado no momento mesmo em que acontecia.
No que se refere à ampliação dos campos da pesquisa educacional, as transformações da primeira metade da década de 2000 foram cruciais para que o Programa institucionalizasse temáticas e abordagens que vinham se fortalecendo nos anos anteriores. Temáticas como Ensino de Ciências, Psicologia e Psicanálise e Educação Matemática, por exemplo, foram institucionalizadas na forma de Linhas de Pesquisa, assim como trouxeram novas culturas intelectuais e acadêmicas para o Programa.
Finalmente, mas não menos importante, minhas lembranças da coordenação estão marcadas pelas mudanças da avaliação da CAPES e por seus impactos no Programa e na Área da Educação no país. Foi um momento de grande tensionamento e, me parece, hoje, de definitiva imposição da Avaliação como a única política, de fato, de pós-graduação que temos. Foi, também, o momento de institucionalização do submetimento político e acadêmico das demais áreas às poucas áreas hegemônicas na CAPES (e de resto, no sistema nacional de C&T), ou seja, a algumas áreas das ciências da vida e das ciências exatas.
No processo, tentamos, por um lado, resistir e criar coisas novas; por outro, buscamos nos adaptar aos novos parâmetros. Nessa dinâmica, fomos, de certa forma, vitoriosos até aqui. Mas, sem dúvida, perdemos muito, inclusive de nossas melhores tradições. Fazer um inventário dessas perdas é, sem dúvida, um trabalho a ser feito.
Luciano Mendes de Faria Filho
Vice-coordenador do PPGE
(2000-2002)
Coordenador do PPGE
(2004-2006)