Entre 1998 e 2000, eu estava na coordenação e o colega prof. Antônio Augusto Gomes Batista era o vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Era assim que ele se chamava naquela época de mudanças nas avaliações da CAPES que marcavam o final do segundo milênio. Uma situação que mobilizou todas as nossas linhas de pesquisa foi a avaliação que o programa havia recebido nesse triênio. Nenhum dos 58 programas de pós-graduação na área da Educação havia recebido a nota 7. Apenas três deles tiveram a nota 6. O nosso, da Federal de Minas Gerais, o da Universidade de São Paulo e o da Federal do Rio de Janeiro. Esses resultados geraram muitas contribuições com a participação efetiva de docentes do nosso programa, em diferentes fóruns, um deles da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd). Refletíamos, nestes fóruns, as nossas posições colegiadas acerca do conteúdo e da natureza da avaliação da CAPES sobre a pós-graduação. Uma das posições que nosso programa apresentou no relatório enviado para a CAPES em 2001 foi captada em um trabalho realizado José Silvério Baía Horta & Maria Célia Marcondes de Morais (2005)1, da seguinte forma: “o Programa de Pós-graduação em Educação da UFMG considerou que (...) decisões tomadas no Fórum de Coordenadores foram desrespeitadas na avaliação” (op. cit. p 103). Evidentemente que não foram todas as decisões, mas sim algumas. A única a qual Horta e Morais se referem reproduz a posição do nosso colegiado da pós que entendia, naquele momento, que a avaliação feita pelo comitê da Capes deixou a área da Educação muito igual, muito homogênea. Não Produziu diferenciações internas (...) o comitê viabilizou o modelo homogeneizador da CAPES que não distingue cursos novos de cursos consolidados. (idem). Lembrando que estávamos em 2001, ano em que o nosso Programa de Pós-graduação estava completando 30 anos de existência. Havia crescido, significativamente, com novas linhas de pesquisa, recém-criadas, como por exemplo, a Linha de História da Educação e a de Educação, Cultura, Movimento Social e Ações Coletivas e outras.
Outra situação que nos parece importante registrar na memória do nosso programa é como ele passou a se chamar Educação-Conhecimento e Inclusão Social. Essa mudança é resultado de uma construção extraordinária que começa a partir de uma decisão do colegiado de realizar internamente um processo de auto-avaliação do Programa, considerando-se a coerência e consistência do Programa, a adequação e abrangência das áreas de concentração e das linhas de pesquisa, sem perder de vista o núcleo de referência docente (NRD) seja nas suas especialidades relativas à área de concentração e às linhas de pesquisa nas quais estão atuando e orientando. Decidiu-se, assim, que para realizar esse tipo de avaliação iríamos convidar três colegas fora da UFMG com a missão de lerem e analisarem a proposta do nosso programa de pós-graduação considerando os pontos acima citados e, em seguida, eles nos apresentariam todas as críticas que achassem necessárias para que pudéssemos aprofundá-las e também incorporar as contribuições que estariam nos trazendo. Foram convidadas as seguintes professoras: Bernadete Angelina Gatti, professora da Faculdade de Educação da PUC de São Paulo e a professora Elba Siqueira de Sá Barreto da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Foi convidado, também, o professor Luiz Antônio Cunha da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Essa proposta foi encaminhada à Pró-reitoria de Pós-Graduação da UFMG que não só deu todo o suporte para a realização da referida avaliação, como providenciou a vinda e a estadia dos convidados para execução do trabalho que durou três dias. A proposta teve completo aval do pró-reitor da época, professor Ronaldo Antônio Marques Barbosa, que mobilizou uma reunião com todos os coordenadores dos programas pós-graduação da UFMG para que pudéssemos apresentar o que ele considerava a primeira experiência de um programa de pós-graduação da nossa universidade que fazia uma auto avaliação. Sintetizando o resultado do trabalho realizado pelos olhares externos tanto das professoras Bernadete e Elba quanto do professor Luiz Antônio, pode-se dizer que suas leituras captaram de formas diferentes, mas muito instigantes, a complexidade do nosso programa de pós-graduação, naquele momento de transformações que traziam para as nossas linhas de pesquisa uma diversidade temática que precisaria encontrar espaço para dialogar nas nossas orientações, nas formações de nossos orientados, nas disciplinas que ofertávamos semestralmente e assim por diante. Foi, assim, que, a partir de 2001 confirmou-se que o Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMG passou a ser denominado Educação-Conhecimento e Inclusão Social que permanece até hoje.
1 HORTA, José Silvério Bahia & MORAIS, Maria Célia M. O Sistema Capes de avaliação da pós-graduação: da área da Educação à grande área das Ciências Humanas, Revista Brasileira de Educação, no 30, set/out/nov/dez, 2005, pp 95-1116
Luiz Alberto O. Gonçalves
Coordenador do PPGE
(1998-2002)